No passado dia 24 de novembro participou em mais uma Sessão LabTE a Dr.ª Conceição Malhó Gomes, Diretora do Agrupamento de Escolas Coimbra Centro. Apresentou-nos a sua experiência como diretora perante o desafio que a pandemia criou.
O Agrupamento de Escolas Coimbra Centro é composto por cerca de 26 estabelecimentos e serve um total de 1735 alunos desde o nível pré-escolar até ao Ensino Secundário, incluindo programa Qualifica e regime noturno.
Em 2019 iniciou um caminho evolutivo dentro do Agrupamento em que pretendeu passar a utilização de e-mails institucionais de forma esporádica para algo regular. Registavam-se o uso de algumas apps e plataformas digitais, mas o número não era significativo. A Unidade de Apoio ao Alto Rendimento na Escola (UAARE), existente desde 2018 no agrupamento, destinada a alunos de alta competição que tem formação à distância através da Sala de Estudo Aprender Mais (SEAM), implementou a plataforma Teams para dar apoio a estes alunos, enquanto estavam ausentes em competições ou estágios ou como complemento à recuperação de aprendizagens devido às referidas ausências..
Para recordar a linha cronológica relativa ao início da pandemia, apresentou-nos material que foi divulgado nas escolas ao longo desses meses. Desde, em fevereiro 2020, um cartaz informativo sobre o Covid e as preocupações com quem regressava de Itália. Em Março as ordens mudavam de dia para dia. A 6 de março ocorre a 1ª comunicação formal que o Agrupamento dirige a encarregados de educação e pessoal docente e não docente, suspendendo todas as atividades que implicassem viagens. A 9 de março, 3 dias depois, inicia-se a elaboração do Plano de contingência do Agrupamento, sem grande consciência do verdadeiro desafio. No dia 13 de março, uma sexta-feira, às 18h ocorre uma reunião com os Coordenadores de Departamento, pois a 16 de março as atividades letivas e não letivas estavam suspensas e iniciava o "ensino de emergência". Olhando agora para esta linha do tempo percebemos que em 10 dias tudo mudou.
Constitui-se uma equipa de apoio tecnológico que incluía os professores da SEAM e professors de várias disciplinas, nomeadamente de Educação Física com competências digitais. No entender da Diretora, esta equipa foi importantíssima para que o ensino de emergência chegasse a todos os alunos. Foi, também, necessário perceber como trabalhar com os alunos surdos. Foi generalizado o Office 365 for education em todo o Agrupamento, passando todos os alunos e professores a dispor de e-mail institucional e acesso ao Teams e ao Zoom.
Também o Centro Formação Nova Ágora questionou os docentes sobre as ferramentas em que necessitavam formação e muitos não sabiam o que assinalar.
Os primeiros constrangimentos foram a falta de equipamentos digitais e dificuldades de acesso à Internet, associado a fragilidades económicas das famílias e às dificuldades de utilização das tecnologias. Reconheceu que os pontos fortes foram o espírito de solidariedade que se desenvolveu e aquela vontade que se apoderou e uniu todos de fazer a aprendizagem acontecer. Considera que, neste caso, os professores foram heróis, tentavam aprender e encontrar formas de superar as dificuldades. Ficou instituído o hábito de colaboração à quarta-feira para o trabalho colaborativo em rede, que ainda se mantém.
Além das questões tecnológicas e pedagógicas, houve a necessidade de fazer chegar a ação social através de entrega de comida a famílias carenciadas, também a partilha, empréstimo e doação de equipamentos. Muitas parcerias surgiram. Além disso, algumas escolas abriram para acolher alunos cujos pais eram trabalhadores de serviços essenciais. Mantiveram-se as atividades de AEC (Atividades de Enriquecimento Curricular) e de iniciação à programação, com a criação de vídeos para que os alunos pudessem continuar a realizar as atividades planeadas em casa.
Nem a Diretora, nem a equipa da Direção fizeram confinamento. Toda a burocracia continuou, tiveram inspeções. Todos os dias era necessário tomar decisões que apenas no local era possível.
Foram feitos sumários semanais, mesmo para saberem o que estava a ser realizado. Também as práticas letivas foram avaliadas. Procederam à identificação de aprendizagens não realizadas e de alunos a necessitar de recuperação de aprendizagens.
Através de formações de curtas duração, o Centro de formação Nova Ágora providenciou vários momentos de Formação, também a DGE (Direção Geral de Educação) lançava formações, e o material divulgado era discutido em grupos de partilha entre professores promovendo momentos de autoformação.
Atualmente, a Diretora faz parte de todos os grupos existentes no Teams, isto é apenas para ter acesso a toda a informação disponível, sem necessitar de solicitar a mesma, poupando tempo.
Após o confinamento, houve tantos professores em baixa médica e dificuldade em substituí-los, que a própria Diretora deu aulas para que os alunos continuassem a sua aprendizagem. Cada turma tem a sua equipa no Teams que é ativada sempre que entra em confinamento e é também utilizada pelos professores e alunos em tempos de ensino presencial, como estratégia pedagógica.
Realça que as videoconferências vieram para ficar, as reuniões presenciais são em menor número. Presenciou a utilização do Kahoot com frequência. Os docentes perceberam que o telemóvel é um instrumento de trabalho e que pode ser rentabilizado dentro da sala de aula.
Foi elaborado o Plano 21/23, um desafio lançado pelo Ministério, para poder dar cumprimento às aprendizagens que ficaram por alcançar. São muitos planos que necessitam de ser desenvolvidos. Neste momento, o problema são os equipamentos. Os que pertencem à escola são de 2005 e a rede de Internet também é fraca.
A pandemia continua, de facto os professores têm melhores competências e estão a realizar a formação de capacitação digital. O processo de ensino aprendizagem está mais flexível. Já se utilizam os dispositivos móveis, a plataforma Teams e Office 365 for education continua a ser usada como suporte digital.
Está a crescer o número de turmas que estão em confinamento. Mas o processo está bem oleado, todos sabem o que é necessário fazer, entram no Teams e trabalham.
Foi notória a diferença de postura entre o antes da pandemia e o após. Antes trabalhava com plataformas, mas a abertura dos colegas era pouca, mas quando foi necessário, os colegas agarraram e incluíram as tecnologias e continuaram a utilizá-las.
Houve um esforço notável por parte dos professores para que aprendizagem chegasse a todos.
Esta sessão finalizou com a clara sensação de que a pandemia provocou uma revolução e os professores são os heróis que superaram todos os desafios!
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